UM INFELIZ REFLEXO DO MUNDO ATUAL
Choque, todos nós, eu, você, aquele seu colega que só conhece o Chris Evans como imagem do bandeiroso. Todos nós ficamos chocados quando nas páginas da revista em quadrinhos “Steve Rogers : Captain America” do ano de 2016, o ícone do símbolo do sonho estadunidense da Marvel proferiu a letal saudação da organização que ferozmente combatia, Hail Hidra.
As várias teorias que logo brotaram tiveram sua confirmação, tudo se tratava de mais um artificio do Cubo Cósmico, artefato com propriedades de mudar a realidade, rotineiro nas mãos dos roteiristas e do vilão Caveira Vermelha.
Num resumo rápido, Caveira Vermelha durante a saga Avengers Standoff convenceu Kubik, a personificação e avatar humano do Cubo a alterar o passado e história de Steve Rogers, além de rejuvenesce-lo (na época estava sem seu soro do supersoldado) também alterou seu passado, ou seja, a partir daqui o Capitão América sempre foi um membro leal da Hydra desde seus primórdios . Até ai, uma quarta feira normal neste universo cheio de reviravoltas temporais vide Era de Ultron, Era do Apocalypse, etecetera...
____________________
____________________
Mais Spencer (autor da revista) foi além, segundo ele, Caveira Vermelha não modificou a realidade, apenas trouxe para sua normalidade. A Segunda Guerra havia sido vencida de fato pelos Nazistas ao lado de Steve Rogers em primeiro plano, porém tais eventos foram alterados pelos Aliados que em posse do cubo resolveram da um revés ao exercito de estrelas e listras.
O Capitão América é um personagem criado por Jack Kirby, de ascendência judaica, povo severamente afetado durante os eventos da guerra. Suas revistas eram lidas nos acampamentos de batalha como inspiração e entretenimento para soldados. A todo um contexto sobre a motivação do personagem e código de ética trabalhado durante estes anos, que já o levaram até ele abandonar tal titulo e escudo.
Entretanto o que Secret Empire, saga protagonizada pelo “Capitão Hydra”, quer nos mostrar teve que usar deste símbolo e deste choque para por em destaque uma situação atual do mundo, o fascismo escondido e proliferação da cultura do medo.
Grandes países como Rússia, Estados Unidos e Brasil vêm numa grande crescente sobre o tema. O discurso reverberado que George Bush tanto enalteceu em seu mandato, como em um movimento cíclico retorna com forças e representantes de peso nos dias de hoje.
O inimigo em comum, a autopreservação e isolamento da cultura, a situação econômica em momentos de crise são alguns dos tópicos citados, e mesmo caindo no lugar comum infelizmente são lemas que refletem de maneira assustadora a ideologia nazista.
ADENTRAMOS A LEI DE GODWIN
O Nazismo em si, e os nomes dos atuais representantes não podem ser citados, óbvio, uma defesa para retaliação e lembranças do passado, surgindo dali o uso do símbolo da Hydra nas páginas da Marvel.
Mas não só nas revistas tais fatos são hoje retratados. Na quarta temporada do seriado Marvel’s Agents Of S.H.I.E.L.D. os protagonistas se encontraram em uma realidade virtual governado pela organização Hydra. Para um exercício de imaginação tentem pensar como seria se o Capitão América tivesse falhado nos eventos de “Capitão América: Soldado Invernal” e a Hydra triunfa-se.
Na ficção, filmes fora dos limites da "Casa das ideias" tal qual como "A Onda" ( Die Welle, 2008) e "Ele está de volta" (Er ist wieder da, 2015) evidencia de forma didática que erros absurdos do passado podem se repetir. O que se tornou notório nos dias atuais.
11 de Agosto de 2017, em Charlottesville, USA, entra em foco internacionalmente uma noticia que uma "maioria" diria nunca mais presenciar: Grupos neo-nazistas desfilam pelo estado de Virginia portando armas, tochas e berrando a gritos discursos de ódio a grupos minoritários e enaltecimento a supremacia branca. Tudo isto deixando em destaque seu apoio ao presidente atual, Donald Trump, conhecido de forma pejorativa por suas posições racistas e misóginas, que lhe garantiram a presidência em 2017.
A (boa) ficção, além de tudo, sempre serviu de reflexo do que ocorre no mundo atual, mascarada é clara com alguma fantasia porém sem se perder em seu propósito. Ao final resta a nós fechar os olhos e nada aprender, ou se delegar com o que aprendemos ser o incorreto.
Errar é humano, errar duas vezes é burrice
Comente: